Ele convida-nos a explorar o mundo através da lente da provocação, onde o erotismo se entrelaça com o bruto, o rude e o áspero. A sua arte desafia normas e convenções, capturando a beleza efémera em cada momento.
A intensidade das fotografias de Araki conduz-nos a uma reflexão. É impossível não ver tristeza, solidão, vazio, para além da casualidade das suas imagens. Principalmente nas suas fotos de Tóquio e mesmo nos retratos de modelos amarradas em posições de submissão ou veneração ao fotógrafo.
Araki é polémico. Porque quando olhamos para as imagens de pessoas, animais, alimentos, flores e até cidades todas nos sugerem sexo, ao passo que as suas fotografias mais eróticas, sexuais, sugerem-nos pessoas, animais, alimentos, flores e até cidades. Isto acontece porque partilhamos o olhar com o fotógrafo. Para ele essas pessoas para além de pessoas também são cidades, gatos, objetos, cores.
Araki não tira apenas fotos, é performático, tem algo de jornalista, ao criar “falsas séries” de reportagens, quando insere datas e horas fictícias na fotos. Ele transcende a realidade e cria novas histórias.
Uma das suas obsessões é o corpo feminino. Amarrado, suspenso, manipulado, fotografado com outros objetos um tanto ao quanto inusitados. Mas o seu objetivo último não é o lado estético, mas sim o seu desejo de documentar a sua relação com as mulheres, captar os sentimentos entre os dois. Há uma relação íntima entre o fotografo e o modelo tão difícil de captar e tornar eterna.
As mulheres que aparecem amarradas (kinbaku em japonês, o equivalente a bondage) são corajosas, sensuais, exuberantes…são mulheres livres. As cordas seguram com muita força as suas pernas e os seus braços, mas não conseguem segurar os seus olhares da mesma forma.
O instante é o eterno e a eternidade um instante (Nobuyoshi Araki )
Fotos do livro Araki. 40Th Anniversary Edition